A relação do cobre com as tecnologias no desenvolvimento das civilizações vem de longa data alcançando os tempos da idade do cobre (fabricação de ferramentas e armas entre 3200 a 1200 anos AC), passando pelas civilizações egípcias antigas (tubulações de água) e chegando aos tempos modernos (aparelhos elétrico-eletrônicos e sistemas de geração, armazenamento e transporte de energia elétrica).
Pode-se afirmar que o cobre tem um comportamento “elétrico” há milhares de anos.
O cobre é o terceiro metal mais utilizado no planeta – seguido por ferro e alumínio – o que torna esse insumo vital (pivô) no desenvolvimento das economias em praticamente todos os países.
Estima-se que 40% de toda demanda atual para cobre refinado atende à indústria da construção civil (fiações elétricas e tubulações) e, por essa razão, as cotações de preços desse metal no mercado internacional (LME) são fortemente influenciadas pelas oscilações desse setor. O segundo maior mercado para cobre é a indústria elétrico-eletrônica em razão de sua versatilidade e excelente condutividade. Atualmente as expectativas projetadas para a produção de veículos elétricos além de unidades de armazenamento de energia elétrica (eólica e solar) tem alavancado investimentos na cadeia produtiva do cobre.
A região asiática domina o consumo de cobre refinado há tempos sendo que a China, nos dias atuais, responde com aproximadamente 40% da demanda global sendo seguido pelo mercado americano e europeu como importantes compradores. A expansão da população urbana na Índia deve criar um novo e importante mercado consumidor para cobre refinado num futuro próximo a exemplo do que está em curso na China.
Segundo relatório publicado pelo USGS (Mineral Commodities Summary, 2018), no ano de 2017 o Chile foi o maior produtor global de cobre com 5,33 TM (toneladas métricas) e isso significou mais do que o dobro produzido pelo Peru, 2,39 milhões TM, seguido, pela ordem, por China, 1,86 MT e USA produzindo 1,27 TM sendo que, nesse cenário, os principais players são Codelco, Glencore, BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo American.
Em 2018 a evolução dos preços no mercado de cobre mostra duas fases distintas sendo a primeira (de janeiro a junho) com preços em patamares de US$ 7.000/tonelada e a segunda de julho a novembro com preços em patamares de US$ 6.000/tonelada. Isso representou uma queda de 17% nos preços do cobre e tem relação (resposta/ajuste do mercado) com a nova realidade de tarifas e ações de retaliação em decorrência da guerra comercial deflagrada entre USA e China.
Independentemente de qualquer disputa comercial, a população do planeta cresce e a necessidade de construção de moradias também (pessoas migram para as cidades e o meio rural se moderniza) e, paralelamente, há expectativas projetadas robustas para demandas relacionadas à indústria de construção de veículos elétricos que consomem 30% a mais de cobre em comparação a veículos com motores a combustão. Nesse cenário, empreendedores (competidores) estão com os ouvidos atentos às notícias que sustentam projeções de déficit para cobre em horizontes de curto e médio prazos em razão de demandas crescentes contra produção estabilizada.
Sinais consistentes de investimentos em projetos de exploração greenfield – rastreando oportunidades para cobre – já podem ser percebidas no Brasil conforme dados disponibilizados pela Agencia Nacional de Mineração – ANM/DNPM – acessados no dia 17/12/2018 (SIGMINE).
O gráfico a seguir discrimina a situação de todos os processos ativos (total de 6240 registros) em relação à sua fase de tramitação na ANM/DNPM.
Considerando os processos na fase de Concessão de Lavra (36 registros) lançados sobre imagem de satélite (Google Earth) é possível identificar o contorno de cavas (pits) de lavras destacando a posição da mina. Áreas na fase de Concessão de Lavra posicionadas contiguamente e de titularidade de uma mesma empresa foi considerado um único registro rotulado como mina. Áreas na fase de Requerimento de Lavra, a partir desse mesmo raciocínio, (procedimento) foram individualizadas como depósitos minerais.
Do ponto de vista de exploração mineral essa estratégia é relevante e eficiente para indicar terrenos geológicos prospectivos para cobre quando lançadas (integradas) sobre base geológica adequada. Neste caso, a integração e processamento das informações de geologia de todas as Cartas Geológicas do Brasil ao Milionésimo (CPRM) é possível estabelecer relação entre unidades geológicas e as minas e depósitos minerais catalogados a partir dos dados do DNPM.
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O mapa da Figura 1 sintetiza o resultado desse processamento (em plataforma GIS) destacando minas/estrelas vermelhas e depósitos/estrelas laranjas de cobre posicionadas preferencialmente em faixas de dobramentos (limites de áreas cratônicas) e coberturas sedimentares proterozóicas que incluem belts de rochas metamórficas de baixo grau (fácies xisto verde) a médio (fácies anfibolítico), destacadas em cor lilás no mapa da Figura 1.
Segundo dados do Cadastro Mineiro (ANM/DNPM), a mina Santa Blandina (Itapeva/SP) tem sua Concessão de Lavra publicado em1945 e o arrendatário atual é a Mineração Fronteira e a mina Camaquã (RS) corresponde a Manifesto de Mina registrado de 1939 pela Companhia Brasileira do Cobre sendo que ambas atualmente estão desativadas. A mina de Chapada foi descoberta pela equipe de exploração da INCO e sua Concessão de Lavra foi publicada em 1974 (hoje pertence à Mineração Maracá Industria e Comércio). As minas de Caraíba (Vale do Rio Curaçá/BA) têm origem antiga com Manifesto de Mina registrado em 1946 e pertence à Mineração Caraíba. A mina de Salobo tem sua Concessão de Lavra publicada em 1974 e a mina do Sossego em 1991 e ambas, localizadas na Província Mineral de Carajás, pertencem à Vale.
Finalizando, a mina Antas Norte – Província Mineral de Carajás – tem sua Concessão de Lavra publicada em 2014 é resultado de investimentos agressivos de exploração realizados pela Avanco Resources (adquirida recentemente pela OZ Minerals).
Analisando os dados publicados pela ANM/DNPM (SIGMINE em 17 de dezembro 2018) destaca-se o volume de áreas requeridas para cobre na região Norte do Estado de Mato Grosso (Província Mineral de Alta Floresta-PMAF) onde se verifica que, a partir do mês de setembro de 2017 a Nexa Recursos Minerais e Anglo American Níquel Brasil aplicaram, juntas, Requerimentos de Pesquisa cobrindo aproximadamente 2,28 milhões de hectares e, já em 2018, a Codelco do Brasil Mineração aplicou Requerimentos de Pesquisa cobrindo aproximadamente 800 mil hectares (também no contexto da PMAF).
Em todos esses casos, o interesse é rastrear depósitos minerais associados a sistemas Cu-Au Pórfiro comuns em ambientes geológicos caracterizados como Arcos Magmáticos.
Na Figura 1, as faixas destacadas em cor lilás representam setores com exposições de rochas sugeridas como ambientes de Arcos Magmáticos conforme informação na base de dados da CPRM (Cartas Geológicas do Brasil ao Milionésimo).
Ambientes geológicos caracterizados como Arcos Magmáticos são endereços onde um geólogo de exploração recomendaria investimentos em Programas de Exploração Mineral para rastrear depósitos minerais classe mundial do tipo: IOGC (Iron Oxide Gold and Copper), Cu-Au-Mo Porphyry, VMS (Volcanogenic Massive Sulfide/Pb-Zn-Cu_Au) e Epithermal (Au-Cu-Pb-Zn), entre outros.
Há muito a ser feito, e programas de exploração bem planejados e enxutos, permitirão produzir resultados confiáveis (dentro de políticas QA/QC) que são traduzidos como oportunidades de negócio num mercado que está se abrindo em razão de demandas projetadas para cobre a curto, médio e longo prazo.
Referências bibliográficas:
- https://www.cprm.gov.br/ (Mapas Geológicos do Brasil ao Milionésimo)
- https://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/ (Sistema de Informações Geográficas da Mineração – Situação de Direitos Minerários)
- https://investingnews.com/daily/resource-investing/base-metals-investing/copper-investing/basic-copper-facts/
- Teixeira, N. A. & Carvalho, M.T. N. – Brazil: Geological Survey Under the Spotlight. Serviço Geológico do Brasil, CPRM, Brasília, 2017
excelente reportagem, mas faltou os mapas.