Os primeiros estudos para o empreendimento foram iniciados em 2001. Do total investido, US$ 6,4 bilhões foram aplicados na implantação da mina e da usina, e US$ 7,9 bilhões referem-se à construção do ramal ferroviário de 101 km, à expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e à ampliação do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA).   O ramp-up do empreendimento será dividido em quatro anos. A produção nominal de 90 milhões de t por ano (Mtpa) será atingida em 2020.   A estimativa é de que o custo do minério de S11D entregue no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA) fique em US$ 7,7 por tonelada – 41% menor que o custo médio atual da Vale. A alta qualidade do minério extraído da nova mina dará flexibilidade à empresa para misturá-lo, em portos na China, Malásia e Omã, com os produzidos nos chamados sistemas Sul e Sudeste da mineradora, em Minas Gerais, trazendo melhoria na precificação do produto final.  

O empreendimento recebeu este nome a partir da sua localização: trata-se do bloco D do corpo S11, que fica na Serra Sul da grande região de Carajás, no Pará. Ao norte está a mina de Carajás, em operação desde 1985, situada em Parauapebas, município vizinho a Canaã. Para fins geológicos, o S11D é apenas um bloco do corpo que foi dividido em quatro partes: A, B, C e D. O potencial mineral do corpo S11 é de 10 bilhões de t de minério de ferro, sendo que os blocos C e D possuem reservas de 4,24 bilhões de t. A vida útil da mina do S11D hoje está estimada em 30 anos.  

O S11D conta com uma mina e uma usina de beneficiamento de minério de ferro, com três linhas de produção cada uma com capacidade de processamento de 30 milhões de t/ano. O minério será lavrado a céu aberto e levado da mina até a usina por meio de um transportador de correia de longa distância (TCLD). A usina, os pátios de estocagem e regularização de minério, as pilhas de estéril e canga (minério de ferro com maior teor de contaminantes) e a área de manobra e carregamento de trens estão localizados em uma área fora da Floresta Nacional de Carajás (Flonaca), o que permitiu reduzir em mais de 40% a supressão vegetal na reserva, segundo a Vale.   No pico das obras, atingido em outubro de 2015, o projeto S11D chegou a ter mais de 40 mil trabalhadores, em todas as frentes de obras (mina, usina, ramal, ferrovia e porto). Atualmente, cerca de 15 mil pessoas continuam trabalhando na mina e na usina e nas obras de duplicação da Estrada de Ferro Carajás, que atingiu cerca de 60% do seu avanço físico. Na fase de operação da mina e da usina do S11D, quando o ramp-up estiver concluído, a previsão é que sejam gerados 2,7 mil empregos diretos e, pelo menos, outros 10 mil indiretos, de acordo com informações da Vale.  

Tecnologia

Uma das principais soluções tecnológicas empregada no projeto S11D é a adoção do sistema truckless. Trata-se de conjuntos composto por escavadeiras e britadores móveis interligados por correias transportadoras. Ao todo, as correias chegam a 68 km de extensão operando dentro da mina e da usina. O novo sistema substitui os tradicionais caminhões fora de estrada – no caso do S11D, seriam necessários 100 caminhões fora de estrada de 240 t de capacidade para atender a produção. Sem os caminhões, a Vale reduzirá em cerca de 70% o consumo de diesel.   O sistema truckless é muito utilizado na lavra de carvão, onde as camadas de minério são contínuas e homogêneas. As características do corpo mineral do S11D permitiram aplicar essa configuração de lavra, pois se trata de um corpo mineral longilíneo, de 9,5 km de extensão por 1,5 km de largura e uma profundidade de 300 m, com relativa homogeneidade.   Localizada no alto da serra, a 400 m acima do local onde está sendo instalada a usina, a mina do S11D contará com quatro sistemas de escavadeiras e britadores móveis operando simultaneamente.

Depois de britado, o material recolhido na frente de lavra será transportado por correias até uma casa de transferência, onde o minério de ferro, a canga e o estéril serão separados e direcionados para a usina de processamento ou para o empilhamento.   O minério será enviado à usina por meio do Transportador de Correia e Longa Distância, que tem mais de 9 km de comprimento. Outras duas linhas, de aproximadamente 5 km cada, levarão o estéril e a canga para a área das pilhas que, no futuro, poderá ser aproveitadas comercialmente pelo seu alto teor de ferro.   A usina do S11D fara o beneficiamento por umidade natural, ou a seco, como também é conhecido – a prática já é adotada em algumas plantas de Carajás e que permitirá reduzir em 93% o consumo de água. Esse processamento permite que o ultrafino de minério, que seria descartado na barragem de rejeito, seja incorporado à produção.    

Logística

A Estrada de Ferro Carajás (EFC) tem 892 km de extensão. A partir do entroncamento do novo ramal ferroviário do projeto S11D com a EFC, estão sendo implantados 570 km de novas linhas férreas ao lado da existente, interligando 48 pátios de cruzamento. Além disso, 220 km de linhas férreas em 55 pátios de cruzamento estão sendo remodelados.   Atualmente, circulam na Estrada de Ferro Carajás 56 composições simultaneamente, somando trens de minério, de carga geral e passageiro. Com a duplicação da ferrovia, será possível aumentar a circulação para 69 composições simultâneas.   Já as obras do Terminal Marítimo da Ponta da Madeira incluíram ampliações onshore e offshore, além da expansão do terminal ferroviário, localizado dentro do porto. No offshore, fez parte do projeto a construção de um novo berço no Píer IV, o berço norte, acrescido de um carregador de navios, replicando o mesmo desenho do já existente no berço sul. O Píer IV tem capacidade de receber navios de grande porte como o Valemax, maior mineraleiro do mundo, com capacidade de 400 mil t.  

As obras onshore se constituíram na ampliação da retroárea do porto, onde foram construídos quatro novos pátios de estocagem de minério, com capacidade para 600 mil t cada.   Eles se somam a outros nove já existentes. Os novos pátios contam com dois viradores de vagões, uma empilhadeira, duas recuperadoras e duas empilhadeiras-recuperadoras. Por fim, as obras em Ponta da Madeira incluíram ainda a expansão do terminal ferroviário.