As operações da J&F Mineração em Corumbá (MS) estão em ritmo acelerado. A empresa retomou no início de 2023 a produção de manganês na mina subterrânea de Urucum. Para o ano as projeções da empresa indicam produção de 450 mil toneladas de minério de manganês. Em Urucum, cerca de 80% do minério de manganês extraído é granulado, com teor de 42%, sendo usado na produção de aço-liga e em altos fornos. Os principais mercados são Brasil e China, com possibilidade de outros mercados globais. Para retomada da produção após a transação de compra da unidade junto à Vale, em 2022, foi necessário substituir grande parte da frota da operação – inclusive para a lavra de minério de ferro – por equipamentos mais modernos e que tenham maior capacidade de suportar o aumento da produção futura.

Outra parte do maquinário foi reformada. durante a implementação de nossos investimentos no estado”, afirma Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. Atualmente, a Gerdau possui uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO₂e), de 0,89 t de CO₂e por tonelada de aço, o que representa aproximadamente a metade da média global do setor, de 1,91 t de CO₂e por tonelada de aço (worldsteel). Para 2031, a meta da Gerdau é diminuir as emissões de carbono para 0,83 t de CO₂e por tonelada de aço. O minério de ferro que será produzido neste novo investimento será, em sua totalidade, direcionado para o abastecimento das unidades de produção de aço da Gerdau no Estado – Ouro Branco, Barão de Cocais, Divinópolis e Sete Lagoas. “Iniciamos nossa parceria virtuosa com Minas Gerais há 35 anos, sempre atuando de maneira sustentável por meio de nossas operações no estado, reafirmando o nosso compromisso em impactar positivamente as regiões em que estamos presentes”, afirma Werneck.

Este novo investimento da Gerdau em Minas Gerais também permitirá à empresa ampliar os aportes sociais no estado, por meio de iniciativas voltadas à educação, esporte e cultura. A companhia investiu cerca de R$ 40 milhões em projetos sociais em 23 municípios mineiros em 2022, beneficiando aproximadamente 1 milhão de pessoas. Ao longo de 2023, os aportes já somam mais de R$ 23 milhões. Os novos equipamentos da mina de manganês de Urucum incluem uma perfuratriz, 5 carregadeiras LHD e 8 caminhões 6×4 de 28 toneladas. Na mina de Santa Cruz, também em Corumbá, a MCR está concluindo a instalação de uma planta de filtragem de rejeitos de minério de ferro, com início de operação previsto para o 3º trimestre de 2023. Além de eliminar a necessidade de utilização da barragem do Gregório, o sistema possibilitará a recuperação de água para o processo de beneficiamento do minério de ferro.

 O sistema de filtragem será alimentado pelo underflow do espessador de rejeito existente, que por meio de um sistema de bombeamento irá transferir o rejeito para os filtros prensa– três conjuntos da Metso Outotec (filtro FP-S). A água será recuperada e retornará para tanque de água de processo e a torta – finos de minério prensado – será transportada e empilha da, onde posteriormente será retomada e direcionada para recomposição de áreas mineradas. Nesse contexto, a operação de filtragem tem como objetivo principal proporcionar a recuperação máxima da água do processo, além de um produto final com o mínimo de umidade possível. A J&F Mineração informou que segue fazendo pesquisas na região visando à expansão da produção em minas como a de São Domingos, mina dos Belgas e mina Figueirinha. Aguinaldo Gomes Ramos Filho, presidente da J&F Investimentos – controladora da MCR, disse recentemente “estar animado” com o futuro das operações de exploração em Corumbá.

Ele destacou a importância que a reativação de Urucum na geração de emprego e renda local. Segundo o diretor de planejamento e desenvolvimento da J&F Mineração, Lúcio Cavalli, a empresa prevê grandes investimentos na região e para isso está trabalhando em parceria com o Senai para qualificar a mão de obra local. “Nós precisamos do apoio do Senai, das prefeituras e do Governo do Estado. Este é um passo importante e simbólico, mas temos necessidade de evoluir mais”, explicou. Só no ano passado, a mineradora realizou 700 contratações e a previsão é fazer mais 600 até o final de 2023. Boa parte dos empregados foram qualificados pelo Senai. A intenção é formar quadro de mais de 2 mil funcionários nos próximos anos. A empresa trabalha ainda com fornecedores locais. Atualmente, são 55 em Corumbá e 10 em Ladário, o que movimentou mais de R$ 70 milhões até maio de 2023. Também em maio, o Senai e a J&F Mineração firmaram convênio para a cessão de veículo para fins didáticos e realização de cursos de qualificação profissional nos municípios de Corumbá e Ladário. Conforme o diretor-regional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo, a instituição irá contribuir para o desenvolvimento de mão de obra local nas áreas de inovação e tecnologia, a partir de uma experiência de mais de 11 anos. “Estamos continuamente aprendendo para poder ajudar os trabalhadores locais a fazer a melhor formação a fim de fortalecer as indústrias”, afirmou.

 O termo de cooperação mútua prevê, além da cessão de um caminhão basculante Scania, viabilizar a inserção de profissionais qualificados no mercado de trabalho, mediante a realização de cursos na área de manutenção de máquinas e equipamentos pesados, mineração, solda, mecânica, elétrica, dentre outros.

HISTÓRICO

 A J&F Mineração foi criada em 2022, com ativos de produção de minérios granulados e de alto teor. A empresa é proprietária da Mineração Corumbaense Reunida (MCR), cujas operações incluem duas minas em Corumbá, no Mato Grosso do Sul: Santa Cruz, para produção de minério de ferro, e Urucum, para produção de minério de ferro a céu aberto e manganês, na única mina subterrânea de manganês em operação na região. Além disso, a J&F Mineração conta com uma cadeia logística completa: dois pátios de estocagem de produtos, um porto próprio de embarque em Corumbá (Porto de Gregório Curvo) e um porto de descarga de barcaças e embarque de navios no Uruguai. Em uma iniciativa inédita e que envolveu diretamente mais de 50 pessoas, a J&F Mineração realizou pela primeira vez, em março, uma operação de transbordo que permitiu o embarque do minério de ferro vindo desde Corumbá (MS), em um único navio capesize com cerca de 170,000 toneladas.

O transporte para exportação até o porto Nueva Palmira, no Uruguai, é feito desde o porto Gregório Curvo, em Corumbá (MS), pela hidrovia dos rios Paraguai e Paraná. A operação realizada pela J&F Mineração é um marco para a exportação de minério de ferro daquela região porque nunca antes foi possível carregar uma quantidade tão expressiva de minério em um único navio. Em Nueva Palmira, são carregados navios handy-maxes, panamaxes e baby-capes com capacidade de até 45.000 toneladas.

 O clima e o ambiente local foram alguns dos desafios da equipe envolvida. Ventos e ondas podem impedir ou atrasar o carregamento do minério de ferro e cada hora de atraso aumenta os custos da operação– por isso a iniciativa foi vital para que o próximo transbordo ocorra com mais agilidade e custos competitivos. Em breve, a J&F Mineração vai realizar duas operações como essa por mês e estima reduzir o custo do frete marítimo em até 30%. Ao final de 2023, com todos os investimentos para expansão da operação nas minas, a produção de minério de ferro e manganês da J&F Mineração deverá se aproximar de 1 milhão de toneladas mensais para serem vendidas no mercado global.