O cenário do mercado global de mineração continua desafiante: os preços podem cair mais antes de iniciar uma reação. A economia chinesa continua mostrando sinais de expansão mais moderada — de um dígito; ritmo, porém, sustentável.
Peru, Colômbia e Chile continuam monopolizando o noticiário sobre novos investimentos estrangeiros no
setor mineral, mesmo diante da oposição popular frente a alguns megaprojetos.
Fala-se de uma possível escassez de lítio que ameaçaria a produção de baterias recarregáveis — peça chave da indústria emergente de veículos elétricos. Isso deve valorizar os depósitos de sais de lítio existentes no Chile e Argentina.
Já faz algum tempo o anúncio de uma tecnologia inovadora que permitirá a produção dessas baterias com um
novo material chamado grafeno — cristal de carbono, que guarda alguma semelhança com diamante, reduzindo drasticamente a necessidade de lítio. Seria a tecnologia disruptiva que vai baratear os custos das baterias recarregáveis e, em decorrência, o preço do automóvel elétrico. Essa relação é tão critica que a montadora pioneira Tesla tem sua própria indústria de baterias elétricas.
Outra aplicação do grafeno é seu uso como filtro para reter sais da água do mar, tornando-a potável. A
dificuldade está em produzir essa membrana de grafeno a custo competitivo e em escala industrial, substi-tuindo as membranas empregadas hoje nesta aplicação.
No VIII Workshop de Redução de Custos na Mina e Planta da revista Minérios & Minerales, realizado em maio passado, a Alcoa mostrou uma pesquisa em Juruti (PA), que desenvolveu a produção de tijolos com
rejeito de bauxita, que são três vezes mais resistentes do que os de barro.
A ArcelorMittal, em sua unidade de Piracicaba (SP), apresentou os resultados do projeto que aproveita a
escoria de alto forno como agregado siderúrgico, próprio para aplicações em construção e pavimentação. São alguns exemplos de que o aperfeiçoamento de tecnologias ou processos que permitam agregar mais valor a jusante na cadeia de produção dos minerais, aproveitando até o que antes era dado como rejeito, representa um caminho sem volta para a indústria da mineração.