Localizado na mina níquel de Creighton, no Canadá, o Snolab é referência mundial no estudo de neutrinos
O pesquisador canadense Arthur McDonald, que dividiu o Nobel de Física com o japonês Takaaki Kajita, foi laureado por pesquisas que desenvolveu em um laboratório localizado dentro da mina de níquel de Creighton, operada pela Vale em Ontário, no Canadá. O anúncio dos vencedores foi feito ontem pela fundação sueca que concede o prêmio. O Snolab (Sudbury Neutrino Observatory Lab), que tem apoio da Vale, está localizado a dois quilômetros abaixo da superfície e é referência mundial no estudo de neutrinos, partículas subatômicas, que ajudariam a explicar o desenvolvimento do universo. O Nobel foi concedido a McDonald pela condução dos primeiros estudos sobre a partícula quando ele era diretor do laboratório entre 1989 e 2007. Hoje, o Snolab faz parte de uma comunidade formada por 70 instituições em 14 países que se debruçam sobre o tema.
"Esse prêmio é inacreditável. É com grande prazer que digo obrigado a Vale por acreditar neste projeto ao longo de muitos anos", disse McDonald, que é professor emérito da Queen's University, em Ontário. Segundo o presidente da Vale, Murilo Ferreira, a empresa se sente "orgulhosa" de estar associada ao Snolab e que o Nobel é um "reconhecimento merecido" ao trabalho realizado pelo professor McDonald e por sua equipe no laboratório. "Quando a Vale embarcou na parceria com Snolab, não havia nenhuma expectativa de nada em troca, apenas a oportunidade de ajudar no avanço do conhecimento científico. Essa descoberta (os neutrinos) é uma grande honra para nós e a prova da capacidade do professor McDonald e seus colegas", afirmou Ferreira.?
Os neutrinos ajudariam a explicar a existência da matéria escura, que está presente em 96% do universo, mas é imperceptível visualmente. A partícula subatômica já foi apelidada de "partícula-fantasma", porque interage muito pouco com o resto da matéria, o que torna quase impossível detectá-la. Para conseguir observá-la foi preciso construir o laboratório a dois quilômetros abaixo da terra, pois, desta maneira, os cientistas conseguiram reproduzir um ambiente praticamente livre de radioatividade e raios cósmicos, que interferem na observação dos neutrinos.
O inglês Stephen Hawking, que revolucionou os estudos da Física com a teoria do Bing Bang, visitou o Snolab em setembro de 2012 e ficou impressionado com o trabalho desenvolvimento pela equipe de pesquisadores. Na ocasião, disse que o laboratório era uma peça fundamental na pesquisa de ponta da física experimental. "Ele ajudará o nosso conhecimento sobre a existência da galáxia. Acredito que todos podem e devem ter uma visão ampla de como o universo funciona e qual o nosso lugar nele", afirmou, na ocasião.
Além das pesquisas sobre neutrinos e matéria escura, o Snolab também serve como local para o sistema de monitoramento sísmico tridimensional PUPS (Polaris Underground Project at Snolab) que fornece informações detalhadas sobre atividades sísmicas para a indústria da mineração.
Fonte: Redação MM