Nesse ciclo de preços baixos dos commodities minerais no mercado global, algo que a mineração mundial já viu se repetir outras vezes ao longo de décadas, o desconforto das empresas mineradoras é generalizado. Entretanto é preciso distinguir os produtos minerais e metais de exportação, que têm garantido o superávit da nossa balança comercial nos ciclos de alta de preços, daqueles que são consumidos como matéria prima pela diversificada indústria doméstica e pela cadeia de produção dos insumos que abastecem as atividades de construção no País.
Vamos examinar o todo da mineração brasileira, que apresenta números respeitáveis nos minerais e metais consumidos no mercado doméstico: no ranking das 200 Maiores Minas Brasileiras da revista Minérios & Minerales, temos 30 minas de ferro, 13 de bauxita e 12 de ouro, que podemos chamar de forma simplista como setor “exportador”, embora supram também o mercado interno.
No setor “doméstico”, registramos 36 minas de calcário para cimento; 28 minas que produzem brita; 11 minas de carvão, oito de areia e areia industrial; cinco de fosfato; três de níquel; quatro de cobre; quatro de caulim – que com as substâncias minerais restantes, somam 99 minas. Uma estimativa do Sindipedras projeta que em 2016 o setor de agregados no País estará produzindo 849 milhões t, comparado a 820 milhões t de minério de ferro, 2,4 milhões t de não metálicos, e 42 milhões t de outros minerais.
A demanda doméstica no País por minerais e metais continuará se expandindo, considerando que os novos governantes que tomarão posse em janeiro a nível federal e estadual terão que priorizar as obras de infraestrutura, cujas carências continuam gritantes na maioria absoluta das cidades brasileiras, bem como a logística e o suprimento de energia entre as regiões.
O vasto mercado interno assegura a demanda à produção dos diversos segmentos industriais – embora ninguém esteja feliz com o crescimento do PIB abaixo de 0,5%. E o Brasil carece de uma nova política industrial que capitalize suas vocações naturais e tecnológicas, porque produzir bens de consumo e automóveis já não confere distinção para país algum. Vamos nos inspirar na Inglaterra, cuja desindustrialização ocorrida nas décadas passadas parecia condená-la ao ostracismo. Pelo contrário, ela se valeu da sua tradição tecnológica para continuar produzindo produtos ou insumos destinados aos setores high tech, como compósitos de fibra de carbono, ligas que resistem a altíssimas rotações, ou seja componentes industriais que ocupam nichos específicos com sólida demanda e boas margens nos preços. Uma prova desse sucesso é a permanência das principais escuderias de Fórmula 1 na Inglaterra, por necessitarem justamente desses materiais de alta tecnologia nos monopostos “voadores”.
Inspiremo-nos também na Embraer, cujas aeronaves competem com os gigantes globais, e a WEG de Santa Catarina, cujos motores elétricos são encontrados no mundo inteiro, e na Embrapa, que contribuiu de forma decisiva para a globalização da agricultura brasileira. Vamos recorrer à inteligência das universidades e promover alianças com os grupos empresariais para criar as indústrias do futuro. A iniciativa privada pode mudar o presente e desenhar o futuro – se ela deixar o conforto propiciado pelos subsídios oficiais e o protecionismo que prolonga o atraso da economia brasileira.
Nessa 10a edição do ranking das 200 Maiores Minas Brasileiras, a revista Minérios & Minerales cumprimenta as minas e as empresas aqui eleitas como destaques, pelas realizações alcançadas nas suas trajetórias que superaram diversas crises globais. A mineração brasileira garante o suprimento de matérias primas para a economia nacional de hoje e amanhã – e a qualidade de vida da população!