A Vale do Rio Doce investirá, em média, US$ 350 milhões em energia por ano nos próximos anos, segundo o diretor executivo da companhia, Tito Martins. Para 2008, a previsão é investir US$ 470 milhões nesta área, que serão aplicados em uma termelétrica de Barcarena (PA) e no projeto hidrelétrico em Estreito. O foco dos investimentos nos próximos anos será em hidrelétricas, usinas térmicas e em urânio. No caso das hidrelétricas, o maior entrave é a demora na concessão das licenças. Neste momento, a companhia está construindo a hidrelétrica de Estreito, mas ainda espera a liberação no Rio Madeira e Belo Monte. Segundo Martins, a vantagem das térmicas é o menor prazo de execução dos projetos, que levam 18 a 24 meses após a obtenção da licença, enquanto as hidrelétricas demoram 36 meses. Hoje, a companhia aguarda a licença para a térmica em Barcarena, que vai operar com gases gerados no processo produtivo das fábricas, e estuda a implantação de uma térmica no Ceará. Outra tendência apontada pela Vale é unir projetos térmicos com hidrelétricas para reduzir o tamanho dos lagos necessários para gerar energia. Em um prazo maior, a Vale espera também utilizar energia nuclear. O presidente da empresa, Roger Agnelli, afirmou que o uso deste tipo de energia será inevitável no futuro porque a necessidade energética em todo o mundo está crescendo rapidamente, enquanto os combustíveis fósseis se esgotam. Por isso, a Vale está negociando com o governo o fim do monopólio da União para exploração mineral de urânio. “Há mais de um ano manifestamos nossa vontade de explorar urânio no Brasil”, disse em entrevista coletiva realizada há pouco. Segundo ele, a empresa tem projetos nesta área na Austrália e no Canadá e está disposta a investir no Brasil. “Acreditamos que o País tenha uma das maiores reservas do planeta”, disse. Hoje, a Vale anunciou um programa de pesquisa para desenvolvimento tecnológico em parceria com o BNDES, que será instalado em São José dos Campos com investimentos de R$ 220 milhões. O projeto vai buscar soluções alternativas para o fornecimento de energia, como uso de biomassa, energia nuclear e formas mais limpas de queimar carvão. Agnelli citou como exemplo algumas soluções locais obtidas pela empresa nos últimos anos, como a utilização de 20% de biodiesel nas suas locomotivas. “Precisamos desenvolver soluções para cada caso e em diferentes regiões”, disse. Segundo ele, é vantajoso criar projetos de geração de pequeno porte em alguns locais para reduzir custos de transmissão de energia e de impostos. Mesmo assim, Agnelli destacou que a Vale não pretende se transformar em uma empresa auto-suficiente em energia. “Queremos garantir a obtenção de energia a custos vantajosos e de forma sustentável”, afirmou.
Fonte: Padrão